ANAIS :: 30º EIA - Bauru/SP - 2015 - ISSN : 1983-179X
Resumo: 054

Investigação


054

O uso frequente de estéreos pessoais pode trazer prejuízo retro-coclear?

Autores:
TOLENTINO, C.A.1, SIMÕES, H.O.1, ZANCHETTA, S.1
1 FMRP-USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto- USP

Resumo:
Resumo Simples

Introdução: Estudos recentes demonstraram que após exposições repetidas a intensidades elevadas pode haver a recuperação dos limiares tonais, mas não da sincronia neural; o fenômeno que justifica esse achado é atribuído a um distúrbio de recaptação do glutamato, uma das categorias de aminoácidos responsáveis pelas sinapses. Os estudos sugerem ainda, que esse sinal neurofisiológico pode se manifestar no sintoma da dificuldade de percepção da fala em ambiente ruidoso. Mais recentemente, há documentação que algumas atividades de lazer também podem expor os sujeitos a riscos auditivos, em virtude de intensidades elevadas, como por exemplo, o uso de estéreos como o ipod. Objetivo: Investigar a hipótese que o uso de estéreos pessoais, em intensidades elevadas, podem trazer prejuízos retro-cocleares. Métodos: Estudo analítico, observacional de caso-controle. A casuística foi composta de adultos jovens, com idade entre 18 a 30 anos, de ambos os gêneros, divididos de acordo com a presença ou não do hábito frequente a mais de seis meses de uso de estéreo pessoal, o grupo controle (GC) com 12 sujeitos, e grupo experimental (GE) com 24 sujeitos, respectivamente sem e com hábito. Os critérios de inclusão foram: ausência de antecedentes de cirurgia e ou doenças otológicas, incluindo otite média; ausência de histórico de antecedentes familiares com perda auditiva; queixa auditiva de hipoacusia e presença de perda auditiva. Os procedimentos foram: meatoscopia; audiometria tonal; limiar de recepção de fala; emissão otoacústica transiente; pesquisa do efeito de supressão contra-lateral; teste de fala com ruído; teste dicótico de dígitos e teste de padrão de duração. O estudo foi direcionado na análise comparativa entre os grupos para os testes da função auditiva. Foram utilizados testes não paramétricos, quando foi investigado determinada condição entre os sujeitos do mesmo grupo utilizamos o teste de Wilcoxon, e entre os grupos o teste de Mann-Whitney, o nível de significância estabelecido em 5%. Resultados: A caracterização do GE, em mediana, em relação ao hábito de uso foram de 5:3 anos; 4,4 dias, e 118,6 min. Os grupos apresentaram mesma condição de sensitividade auditiva (p > 0,05), assim como, na análise da amplitude das EOAT para 1, 1.4, 2, 2.8 e 4 kHz (p > 0,05). Para o estudo do efeito de supressão houve diferença quando comparada apenas a OD entre os grupos (p=0.04). Nos testes comportamentais do processamento auditivo o resultado do fala com ruído branco (S/R + 15 dB) foi distinto entre GC e GE (p = 0.01) e os demais similares (p>0.05). Conclusão: Na presente condição de estudo os jovens que possuem o hábito de uso de estéreos pessoais apresentaram sinais de envolvimento retro-coclear, mesmo com limiares dentro da normalidade; há necessidade de mais estudos que investiguem as vias auditivas, aferente e eferente, em condições mais definidas de intensidade versus tempo de uso.

Palavras-chave:
 Testes Auditivos, Percepção Auditiva, Ruídos, Adultos